Por Maria Cecília Freire – Foto Zé Carlos Barretta/Folhapress

No ano de 1950, nascia em São Paulo a escritora, filósofa e ativista, Aparecida Sueli Carneiro. Doutora em Filosofia, pela USP e considerada uma das mais relevantes pensadoras do feminismo negro no Brasil. Ainda na graduação, se aproximou do movimento negro com as vozes de Abadias do Nascimento e Lélia Gonzalez.

Em 1985, lançou seu primeiro livro “Mulher Negra: Política Governamental e a Mulher”, com as ativistas Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa, apresentando uma visão mais ampla da ausência de mulheres negras na política. Nas suas seguintes obras, Sueli aborda questões sobre o racismo estrutural brasileiro, os bloqueios sociais enfrentados por mulheres negras e sua precária participação no mercado de trabalho. Esses escritos se tornaram inspiração para a formulação de políticas públicas destinadas a população negra do país.

Fundadora do GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra, criado em 1988, tornando-se fundamental para o protagonismo negro e feminino, sempre fazendo críticas a atuação do feminismo hegemônico e ganhando o prêmio de Direitos Humanos da República Francesa, por suas ações contra o racismo. O instituto também foi responsável por abrir o programa pioneiro em atenção a saúde de mulheres negras, visando levar informação para que elas possam lutar por seus direitos nos serviços de atendimento à saúde.

Também nos anos 80, em uma ação conjunta com ativistas e parlamentares negros, contribuiu para a Constituição de 1988, com criminalização do racismo, que deixa de ser uma contravenção para se tornar crime inafiançável.

Sueli Carneiro traz em sua escrita as falhas da nossa democracia, a violência política de gênero e raça sofrida por mulheres negras e como são constantemente associadas a lugares de subalternidade, especialmente na política. A partir disso, Carneiro foi a fundo sobre a condição particular da mulher negra, percebendo a necessidade de construir sua militância, articulando tanto o gênero na luta antirracista, quanto o racismo na luta feminista. Seu objetivo é a construção coletiva de organizações políticas cujo protagonismo é das mulheres negras.

Confira alguns livros da autora: