Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
Segundo ela, pode até existir uma visão positiva do presidente brasileiro, “talvez, nos Estados Unidos, na Hungria, países cujos governos são de direita ou ultradireita”. “Mas, tirando esses, a imagem é muito ruim. Na América do Sul, é muito negativa.”
Miriam cita artigo de Oliver Stuenkel, colunista do Americas Quarterly, publicação norte-americana sobre política, negócios e cultura, e professor de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. “Os debates em Berlim sobre o Brasil revelam um dilema amplo, à medida que interesses econômicos e geopolíticos se chocam com a crescente preocupação pública com o meio ambiente. Bolsonaro deve ser tratado como um irritante temporário para uma parceria de longa data ou como um obstáculo mais fundamental ao aprofundamento dos laços?”, diz o articulista no texto.
No final de maio, conta Stuenkel, o congressista alemão Uwe Kekeritz, do Partido Verde, questionou um plano do governo da Alemanha para financiar um programa brasileiro de proteção ambiental. O parlamentar germânico mencionou “um episódio que recentemente abalou a política brasileira”, em alusão à famosa reunião ministerial de 22 de abril.
Segundo Stuenkel, na reunião, o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, “sugeriu que a pandemia era uma oportunidade de enfraquecer as regulamentações ambientais, uma vez que a opinião pública estava ‘distraída’”. Em Berlim, o congressista Kekeritz fez referência ao episódio para argumentar contra o apoio ao projeto “supervisionado” por Salles.
De novo a China
Nesta sexta-feira (31), Jair Bolsonaro voltou a manifestar agressividade em relação à China, desta vez com ironia. “Se fala muito da vacina da covid-19. Nós entramos naquele consórcio lá de Oxford”, disse, sobre a vacina britânica contra o novo coronavírus do laboratório AstraZeneca, em testes no Brasil.
Bolsonaro não disse, porém, que, até o momento, o governo brasileiro não assinou o contrato com a farmacêutica e a Universidade de Oxford. Segundo a Folha de S. Paulo, a Fiocruz informou que “a expectativa é que a assinatura ocorra durante o mês de agosto”.
“Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford aí. Quem não contraiu o vírus até lá… Eu não preciso tomar porque já estou safo”, afirmou, sem citar a China. A empresa chinesa Sinovac também está fazendo os testes de sua vacina contra o coronavírus no Brasil, em parceria com o Instituto Butantã, do governo do Estado de São Paulo.
“Bolsonaro e seu entorno já fizeram diversos comentários bastante negativos sobre a China. Ele, Ernesto Araújo (ministro das Relações exteriores, (o deputado) Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e (Abraham Weintraub), quando era ministro da Educação. A China é um país pragmático e vai tocando a questão econômica com o Brasil. Mas a imagem para eles também é ruim”, diz Miriam Saraiva.