Morreu nesta terça-feira (21) o historiador Cid José Teixeira Cavalcante, aos 97 anos, em sua casa, na Pituba. As causas da morte não foram divulgadas. Há anos, entretanto, o baiano, natural de Ilha de Maré, já havia sido diagnosticado com Alzheimer.

Escritor de obras como “Bahia em Tempo de Província” (1986); “História do Petróleo na Bahia” (2001) e “Salvador: História Visual” (2001), publicadas pela Caramurê, desde março de 1993, ocupava a cadeira de número 19 da Academia de Letras da Bahia.

Pelas contribuições no campo científico, foi condecorado com a Medalha Tomé de Souza, em 1992, mais alta honraria concedida pela Câmara Municipal de Salvador. Em 2013, recebeu a Comenda 2 de Julho, pela Assembleia Legislativa da Bahia.

Cid também foi formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), apesar de não ter atuado como advogado. Foi professor de História na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Ufba e na Universidade Católica do Salvador (UCSal), além de diretor da Fundação Gregório de Mattos.

O historiador foi de grande influência para os profissionais da área na Bahia. Rafael Dantas, formado em História pela Ufba, não chegou a ser seu aluno, mas explica que os trabalhos de Cid o marcaram tanto que o fizeram escolher o curso. “Os livros deles que mais me marcaram foram as coleções disponibilizadas nas bancas de revista, desde que eu era pequeno, a história visual de Salvador e do estado. Hoje é um dia triste para a Bahia. Cid Teixeira merece todas as homenagens possíveis”, diz.

Ainda assim, para Dantas, o destaque de Cid não consiste nas produções bibliográficas. “O destaque é para sua atuação enquanto divulgador da história da Bahia, por comunicar, por falar da História da Bahia, de forma muito séria e embasada”, explica.

O escritor Nivaldo Lariú, responsável pelo Dicionário de Baianês, também lamentou a morte. “Tive o prazer de conhecê-lo e de usufruir de sua sabedoria e seu conhecimento da história da Bahia”, diz. “Ele foi importantíssimo para mim na elaboração do Dicionário de Baianês, com conselhos, reparos fundamentais na obra, empenho na ajuda ao meu trabalho e dicas que muito me ajudaram. Obrigado, professor Cid!”.

Lariú relembra que o historiador chegou a o ensinar sobre as possíveis origens de inúmeros vocábulos. “Ele teve a paciência de ler e discutir comigo cada uma das quase 900 expressões que então compunham a ‘boneca’ do Dicionário, e me dando verdadeiras aulas sobre a provável origem de cada vocábulo”, recorda.

Fernando Oberlaender, editor da Caramurê, responsável pela publicação dos livros de Cid, e amigo pessoal do historiador, lamenta a morte e reflete sobre o legado do historiador. “Ninguém sabia o que ele levou com ele. Cid conhecia como ninguém a história da Bahia, porque ele não estudava somente com os livros, mas fazia o trabalho de campo, foi ao povo baiano”.

A última publicação da editora de homenagem a Cid Teixeira aconteceu em 2019, com a “Coleção Vida Bahia: O Livro das Histórias que Se Misturam”, de quatro livros, na qual o pesquisador foi transformado em personagem, voltado para o público infanto-juvenil.

Em 2001, a publicação de “Salvador: História Visual” foi o que o aproximou do editor. A parte editorial foi, inclusive, publicada pelo CORREIO, à época Correio da Bahia. “Ele era uma pessoa muito querida, muito amiga, serei eternamente grato por tudo que ele fez pela editora. Pessoalmente, foi um grande amigo e me atendeu em momentos muito difíceis. Estou abalado”, diz.

Em nota, a Ufba se solidarizou aos familiares, amigos, colegas, alunos e admiradores do professor.

O horário e local do enterro não foram divulgados.

Fonte: Correio