Terror instalado, eu, aos 72 escalado no ‘grupo de risco’, já me pus em estado de quarentena preventiva. Mal tomo sol na varanda. As pessoas estavam me evitando, em rabos de olho, virando a cara ao meu educado ‘bom dia’, pinotando com um inocente espirro de uma mísera coriza. Senti-me um verme infectado por todas as moléstias desse mundo.

Pronto, cá estou. Um amigo me ligou. Ao seu pigarro, na linha, desliguei rápido, passei álcool gel no aparelho, lavei as mãos com sabão de coco e fui gargarejar com própolis e água bem quente. Li que o calor mata o bicho.

Apois, cuidado ao ler essas palavras. Não custa lavar bem os olhos.  Quem sabe?

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E tem também o cornovírus. Contagiante e doloroso. Dor de cabeça crônica, insônia, febre terçã, desconsolo e desgosto de viver. Um padecimento de dar dó. Se encafifar, fica incurável, torna-se letal.

O cornovírus não tem pátria nem limites. Sem fronteiras raciais, sexuais, religiosas ou ideológicas.  Imunes apenas criancinhas e os bem velhinhos. Uns por inocência, outros porque criaram resistência. Os acometidos gemem e choram.  Os mais adoecidos matam e morrem.

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– A madame no supermercado, o carrinho entupido de papel higiênico.

Caganeira mental.

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– A netinha, sentindo-se resfriada:

– Vô, não me beije! Estou virótica.

*ZédeJesus Barreto é jornalista, escritor. sociólogo e mais algumas coisas além de ocupar uma cadeira no grupo de risco da academia do Covid-19