Por Redação – Foto Reprodução

Um mundo de possibilidades e experiências que será celebrado na primeira Flimina – Festa das Mulheres na Literatura, que acontece sexta (8) e sábado (9) na Caixa Cultural Salvador, com a participação de autoras, professoras, pesquisadoras, leitoras e influencers.

A primeira festa literária com programação 100% feminina, a Flimina trará 12 convidadas especiais para debates sobre temáticas como equidade de gênero, desafios sociais e ambientais e produção de conteúdo para o ambiente digital. O evento tem entrada gratuita e seus ingressos podem ser retirados na plataforma Sympla.

A Flimina surgiu originalmente a partir dos pensamentos relacionados a presença massiva de mulheres nos eventos literários como audiência e compradoras de livros e o momento de intensa produção de escritoras nos mais diferentes gêneros literários, como explica Edma Góis, responsável pela curadoria desta edição.

Jornalista e pesquisadora de literatura brasileira contemporânea desde 2005, Edma acredita que os livros e a leitura contribuem para a construção de novos imaginários e formas de conviver em socialmente. Em entrevista ao jornal Correio24Horas, a jornalista falou como a literatura atua na sociedade.

“A literatura, assim como as artes em geral, na minha opinião, não precisa ter uma função exata, mas inevitavelmente atua para nos tornar sujeitos mais empáticos e menos robotizados do que nosso atual estado de sociedade enseja. A literatura permite que a gente imagine e esse gesto, por si só, pode ser revolucionário. É este o convite que mulheres escritoras do Brasil e de outras partes do mundo têm nos feito”, afirma a curadora da Flimina.

Apesar das dificuldades que ainda existem para as mulheres escritoras, Edma Góis defende que o campo literário brasileiro – composto por agentes que influenciam a produção, a circulação e o consumo de livros nas diversas camadas sociais e faixas etárias – mudou muito nas últimas duas décadas, fazendo com que ele esteja mais aberto e representativo.

“Exemplo disso é a expansão do número de editoras que não para de crescer no país e que permitiu que muitas escritoras publicassem pela primeira vez, sem depender das grandes casas editoriais”, diz ela. De acordo com Edma, a própria literatura se tornou mais acessível para mulheres como leitoras e como escritoras a partir de mudanças no tecido social, numa nova realidade das universidades, hoje mais diversas em raça e classe, por exemplo.

“Sim, a impressão é que temos mais mulheres escrevendo, mas também não podemos esquecer que, antes da popularização das redes sociais, muitas autoras já batalhavam para divulgar e vender seus livros”, completa.

A Flimina é fruto desse movimento e pretende refletir os novos debates na literatura e no diálogo dela com outras áreas artísticas em sua programação. Edma detalha que, durante o processo de curadoria do evento, buscou agregar diferentes linguagens, formas de escrever e mesclar nomes mais conhecidos do público, com artistas da Bahia, mas que muitas vezes circulam mais em circuitos específicos. Além disso, ela destaca a pluralidade de gerações, territorialidades, etnias, orientações sexuais e como elas se traduzem nas obras das artistas.

O evento será composto por quatro mesas, começando no Dia Internacional da Mulher (8), às 19h, com o debate intitulado “Por que Lutamos?“, mediado por Suzane Lima Costa e tendo como convidadas a jornalista Eliane Brum e Yacunã Tuxá, artista do povo indígena Tuxá de Rodelas (BA), que usa tecnologia e mídias digitais em defesa da sustentabilidade do planeta.

No sábado (9), o evento continua suas atividades às 9h com a mesa Criar Mundos Ficcionais, com mediação de Mônica Menezes e falas da escritora Aline Bei, com O Peso do Pássaro Morto e Pequena Coreografia do Adeus, e Karina Buhr, artista consolidada na música que é autora de Mainá e Desperdiçando Rima.

No mesmo dia, às 14h, a escritora Ryane Leão (Tudo Nela Queima e Brilha) e a poetisa Lorena Ribeiro, criadora de conteúdo no YouTube e Instagram no projeto literário Passos entre Linhas. Elas conversam sobre a importância das plataformas digitais para formar e informar novas gerações de escritoras em todo o país.

Para encerrar, às 17h, a mesa O Que Pode a Palavra aborda a literatura escrita por mulheres e o papel da poesia diante dos desafios do mundo. Com mediação de Fernanda Miranda, o momento reunirá a multiartista Elisa Lucinda e a escritora e ativista baiana Jovina Souza, reconhecida pelo trabalho em projetos de identidade e autoestima de pessoas negras.

“A minha expectativa pessoal é de que o público escute genuinamente o que essas mulheres têm a dizer a partir dos seus trabalhos. Escutem e sejam afetados por alguma coisa dita, porque a verdade é que o mundo anda muito barulhento e queremos escutar apenas o que nos é conveniente”, revela a curadora.

Fonte: Correio24Horas