Ex-candidato a vice-prefeito de Nazaré em 2016, o médico-perito Joaldo dos Santos Ferreira foi um dos alvos Operação Pinel, deflagrada nesta terça-feira (31) pela Polícia Federal (PF), em conjunto com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, para desarticular uma organização criminosa especializada em fraude de benefícios previdenciários no estado.

O médico, conhecido no município como Dr. Joaldo, era o responsável por manipular perícias para conceder ou manter ativos esses benefícios. Por ordem da Justiça Federal, foi suspenso do exercício da função e em sua casa, segundo a PF.  foram apreendidos R$ 40 mil – ao todo, R$ 100 mil foram encontrados pela polícia nas apreensões. Nove dos 11 mandados de prisão temporária, entre eles, o de Joaldo, foram cumpridos pela PF.

Os presos serão encaminhados para o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Um dos investigados, que ainda não foi preso, entrou em contato com a PF e prometeu se apresentar. Os nomes dos outros envolvidos no golpe não foram revelados para não atrapalhar na apuração do caso.

Operação Pinel em detalhes

As investigações levantaram que mais de mil pessoas chegaram a receber os benefícios fraudulentos. O esquema funcionava com o direcionamento de perícias médicas, feito por um médico-assistente, para Joaldo. os intermediários eram responsáveis por atrair pessoas para a manobra. Elas recebiam o benefício e repassavam parte do valor para os golpistas. Cerca de 30% do valor anual do benefício – o esquema funciona desde 2012, no mínimo – ficava com a quadrilha, A maioria dos auxílios era ligada a transtornos psicológicos, daí o nome da operação.

 

O coordenador geral de Inteligencia Previdenciária e Trabalhista da Secretaria Especial da Previdência e do Trabalho, Marcelo Henrique de Ávila, diz que  será gerada uma economia de R$ 12 milhões com a suspensão dos cerca de 200 benefícios fraudulentos embora esse número possa chegar a mais de mil.  As denúncias sobre o esquema chegaram ao Ministério da Previdência em 2012.

Os 11 alvos dos mandados de busca e apreensão já foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva e inserção de dados em sistema de informação, mas podem ser incluídos em um rol maior de delitos, caso as investigações avancem.

O médico-assistente suspeito de envolvimento no esquema vai ser intimado para prestar depoimento e deve ser indiciado nos próximos dias. Ele não foi alvo de nenhuma das medidas executadas na operação, mas, segundo o delegado Marcelo Andrade Siqueira, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev), documentos recolhidos nesta quarta dão mais “indícios de materialidade” da sua participação na organização criminosa.

Da redação NB/foto: Divulgação PF