Pedro Augusto Pinho*
O conto de Artur Azevedo, que tem o título deste artigo, ocorre em 1890. Há nele o humor que perpassa a obra daquele autor. Mas, hoje, neste sofrido 2018, não “é mais um estrangeirismo”. É a mais necessária promessa a ser cumprida por todos os candidatos ao Congresso e ao Executivo, para que o povo dê legitimidade à revogação da torpe legislação que os golpistas impuseram ao Brasil para alienar ao estrangeiro, por gorjeta de pão-duro, suas riquezas, o esforço do trabalho de seu povo, a tecnologia criada e aqui desenvolvida.
Fica cada dia mais nítido – quando surgem aos borbotões não mais denúncias sem comprovação, mas fatos, documentos, gravações, e-mails, fotos e confissões espontâneas, fora das masmorras curitibanas, incriminando os golpistas – que não era a corrupção o motivo do impeachment. Era e é a entrega do pré-sal e, com ele, tudo que interessar aos capitais estrangeiros – estatais e particulares – que o Brasil tenha construído, descoberto e produzido, inclusive parte do território.
Vamos precisar. O golpe de 2016 nada teve de espontâneo. Ao contrário. Foi ardilosamente preparado desde o momento que se divulgou a descoberta do pré-sal e ficou evidente que nova província petrolífera estava sendo incorporada ao patrimônio brasileiro. Uma Arábia Saudita no limite da tecnologia da exploração e produção do petróleo.
A princípio tentou-se manter a descoberta intocada, aguardando que os centros de pesquisa estrangeiros desenvolvessem capacitação tecnológica e projetos de engenharia para sua produção. Não contavam com a extraordinária competência técnica da Petrobrás, que em menos de três anos já produzia do pré-sal e hoje, após dez anos da descoberta, produz a metade do petróleo brasileiro e dá a autossuficiência em óleo cru ao País.
Naquele primeiro momento chegou ao cúmulo do senhor Carlos Alberto Sardenberg, totalmente destituído de pudor, afirmar que só existia o pré-sal na cabeça dos petistas, e da senhora Miriam Leitão declarar que só havia tecnologia de produção no exterior, quando se mostrou exatamente o contrário. Era o esforço da mídia venal e entreguista de retardarem o desenvolvimento do pré-sal. Como em jogo que se pede um tempo para rearrumar o time.
Fracassada a tentativa de segurar o pré-sal e com os trabalhos da Petrobrás confirmando sua enorme riqueza, preparou-se o golpe da “corrupção”. Aliás um tema velho e recorrente, usado contra Getúlio Vargas, contra Juscelino e, juntamente com o “comunismo do latifundiário” gaúcho, contra João Goulart.
Isto não quer dizer que o Partido dos Trabalhadores (PT) seja composto de vestais, nem que se deva abdicar da luta pela moralidade na política, mas seus opositores, como se evidencia, são muito mais larápios, há muito mais tempo e de valores infinitamente maiores, como o petróleo brasileiro. Além de roubarem do Brasil para entregar aos estrangeiros agem com subserviência, complexo de vira lata, sabujice da pior espécie.
E quem, atuando conforme as ordens externas, executou o golpe?
Em primeiro lugar a “grande” imprensa, os canais de televisão, as emissoras de rádio, as revistas semanais e jornais diários de grande circulação da mídia comercial.
Em segundo lugar o poder judiciário: o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais Regionais Federais e o agente Moro e outros juízes de primeira instância. Também o Ministério Público e a Polícia Federal.
Por último os parlamentares, apenas concluíram, com a pressão da mídia e do judiciário e a promessa de muito dinheiro, a obra iniciada fora de nossas fronteiras.
Vê-se, portanto, que não será fácil desmontar a obra golpista. É necessário um instrumento legal, pacífico, que mobilize a sociedade e tenha a eficácia e a força do povo: o plebiscito.
Caberá, então, aos candidatos que não são adeptos do golpe, que se posicionam contra o desmonte da Nação Brasileira, propugnarem, demonstrarem, convencerem os eleitores que é possível combater os maléficos efeitos do golpe, sem que para isso se arme e vá para as ruas lutar fratricidamente: votarem nos plebiscitos.
O plebiscito da área econômica, que devolva a propriedade e o controle do pré-sal, das reservas de nióbio e de todos recursos minerais ao Estado Brasileiro e os entregue a empresas estatais brasileiras.
O plebiscito que revogue a entrega de áreas do território nacional a estrangeiros, inclusive a Base de Lançamento de Alcântara, independentemente de sua forma jurídica. O plebiscito da soberania.
Mas teremos também os plebiscitos da cidadania que revogarão a pseudo reforma trabalhista, os congelamentos de gastos públicos e o uso indevido das reservas brasileiras.
Além disso, sugiro que os autores e beneficiários dos atos golpistas, por plebiscito específico e nominal, paguem com seus bens, com seus patrimônios, os ônus causados ao País e ao povo brasileiro e, para que não vivam em Miami a custa dos nossos impostos, lhes seja cassada a cidadania brasileira. Se servem ao capital financeiro internacional, à banca, à nova ordem mundial que busquem a cidadania deste poder.
Afinal, se temos e queremos a democracia é para ouvir e atender ao clamor do povo aferido em eleições e plebiscitos.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado